HISTÓRIA DO ERMO

Matadouro São Geraldo
Matadouro São Geraldo
Mapa demográfico - População parda e preta
Mapa demográfico - População parda e preta
Avenida Breno Guimarães
Avenida Breno Guimarães
Sede do Império Serrano
Sede do Império Serrano

Relacionar os fatores de uma cidade que se estabelece nas margens do lago Guaíba, para desenvolver sua economia, com os deslocamentos de uma população negra que até o 1888, estava no regime de escravidão, se torna hipóteses pelos possíveis caminhos. Sendo assim, considerando algumas lacunas historiográficas no contexto local, mas estabelecendo relações com o período de pós-abolição de forma mais ampla, podemos perceber que os sujeitos escravizados continuaram em trabalhos de forma marginal. Neste sentido, tudo me leva a crer que em Guaíba existe a possibilidade de se "espelhar" estas ocorrências.

Sendo assim, com a promulgação da Lei Áurea, em 1888, os escravos foram libertados. Como não possuíam moradia, iam para as matas em busca de terras para morar. Em Pedras Brancas, dizia-se que os escravos iam ao "ermo", palavra usada na época para designar um lugar de difícil acesso, em meio à mata. Tal palavra deu nome ao bairro no século XX. Segundo Laroque (1986), a presença de afro-brasileiros em Pedras Brancas, após a abolição, concentrou-se principalmente no local denominado "Arraial dos Souzas", próximo à Rua dos Escravos e à Rua da Rapadura, hoje bairro Ermo. Essa concentração deu-se em função do Matadouro São Geraldo, ali construído no início daquele século. Em meio a esse contexto, é possível afirmar que o bairro Ermo se formou não pelas fugas dos escravos, mas pelo fim do regime escravagista.

Quando os dados sobre o bairro Ermo apresentam sobre uma numerosa população habitacional de afro-brasileiros, há que considerar as dinâmicas migrações que ocorreram nesse território durante o período escravagista e no seu término. Iniciemos analisando o próprio significado da palavra que nomeia esse bairro: "ermo" significa "lugar despovoado, deserto, descampado e abandonado", indicando como era esse espaço na época escravagista, isto é, um território descampado, em meio à mata e retirado do centro urbano de Guaíba. Era lá que os escravos fugidos, mais tarde libertos, buscavam estabelecer suas moradias.

Conforme aponta Ryzewski (2008), a fuga de um modelo escravagista favoreceu que um número bastante elevado de escravos e ex-escravos libertos buscasse por essas terras desocupadas para formar ou integrar quilombos nesse entorno, formando-se, assim, o bairro Ermo e sendo considerado um bairro negro. Laroque (1986) aponta que, nos anos posteriores à Abolição, esse fluxo continuava crescente, ocorrendo novas migrações, pois pedaços de terras iam sendo comercializados, vendidos ou adquiridos por novos moradores, embora fossem de maioria afro-brasileira. Esse movimento fez com que os quilombos que ali estavam estabelecidos fossem se desfazendo, integrando o bairro ao espaço urbano da cidade de Guaíba.

Conforme o Censo Demográfico de 2010, a população total de Guaíba é de 95.204 habitantes, sendo que 16.012 são parda/preta, que corresponde a 16,8% da população total. E ao olhar no mapa abaixo, percebemos quais regiões do município que estão alocados essa população parda/preta.

Percebemos no mapa demográfico, a concentração de população por "cor ou raça", demonstrados na cor laranja: pardos, e na cor verde: pretos. Destacamos três bairros: Ermo, Morada da Colina e Jardim Santa Rita/Cohab, com maior concentração de pardos e pretos. Esses três bairros em destaques são os únicos que tem escolas de samba (ativas), no município, respectivamente: Império Serrano, Estado Maior da Colina e Academia de Samba Cohab - Santa Rita.

Através deste mapa percebemos que o bairro Ermo tem sua população majoritamente negro, e isso se justifica por sua formação histórica, a partir das movimentações populacionais que ocorreram no município, principalmente pela economia baseada nas lavouras e na produção do charque, passando pela instalação de um matadouro na localidade, o Matadouro São Geraldo, nesse momento essa região serve de moradia para a mão de obra deste estabelecimento e chegando no loteamento e venda dos terrenos. Sendo assim, essa região recebe essa herança negra, e no bojo dessa análise o carnaval, está presente pela Sociedade Recreativa e Esportiva Império Serrano.

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